Imagine chegar no condomínio em que você mora e, após acessar o elevador, se deparar com uma cobra-coral. Foi o que aconteceu com a moradora de um condomínio, localizado no bairro Jardim Califórnia, em Patos de Minas, na noite de segunda-feira (14). Ela estava acompanhada do filho e ambos ficaram assustados com a serpente.

Segundo Wagner Willian, sindico do condomínio, era por volta das 20h quando recebeu a ligação de uma moradora, informando que havia encontrado uma cobra dentro do elevador. A mulher havia acabado de retornar de uma atividade física e estava acompanhada do filho. No mesmo momento, Wagner utilizou o elevador e desceu para ajudar a moradora. Quando chegou no andar, que a moradora estava, encontrou a serpente.

Wagner contou que não foi possível afastar a cobra, pois ela adentrou ao suporte, atrás do elevador. O síndico acionou o Corpo de Bombeiros e foi informado de que também seria necessário chamar um técnico, devido ao local em que a cobra se encontrava. O profissional abriu o elevador e encontrou a serpente. Em seguida, o Corpo de Bombeiros removeu a cobra e a levou para o habitat natural, longe do perímetro urbano. Os militares não identificaram se a serpente se tratava de uma cobra coral verdadeira ou falsa.

Wagner ressaltou que foi a primeira vez que uma cobra invadiu o condomínio, mas que outros animais peçonhentos já foram encontrados no elevador. Ao lado do prédio, dois lotes vagos estão tomados por mato. Wagner afirmou que o ocorrido no condomínio fica como alerta para a população, com relação a animais peçonhentos.

O Patos Hoje entrou em contato com a Prefeitura Municipal sobre os lotes vagos, localizados ao lado do condomínio. Segundo a Administração Municipal, os proprietários já foram notificados:

“A Prefeitura de Patos de Minas, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento, informa que as notificações foram enviadas aos proprietários dos lotes em fevereiro de 2025, por meio dos Correios. No entanto, as correspondências foram devolvidas com a anotação "não procurado".

Diante disso, foi publicado edital de notificação em 27 de março de 2025, conforme disposto na Lei Complementar nº 699/2023, concedendo o prazo de 15 (quinze) dias para que os responsáveis providenciassem a limpeza dos imóveis. Como não houve cumprimento da notificação dentro do prazo estabelecido no edital, foi solicitada a aplicação de multa aos lotes através de processo digital.

A Prefeitura informa, ainda, que será realizada nova notificação com aplicação de multa em dobro, nos termos da legislação municipal vigente”.

Cobra-coral verdadeira x falsa: qual a diferença?

O Patos Hoje entrou em contato com o biólogo Saulo Gonçalves e enviou os vídeos. Saulo compartilhou as imagens com outro biólogo, Adriano Silveira. Eles identificaram que a serpente é uma coral falsa, da espécie Oxyrhopus guibei. Eles informaram que, no geral, as cobras-corais representam um grupo com grande diversidade anatômica e ecológica no Brasil, sendo amplamente distribuídas em diferentes biomas.

“As corais-verdadeiras, pertencentes ao gênero Micrurus (família Elapidae), são peçonhentas e possuem veneno de ação neurotóxica, o que as torna potencialmente perigosas. Já as corais-falsas são majoritariamente da família Colubridae, sendo espécies que mimetizam o padrão de coloração das verdadeiras como estratégia de defesa, por meio do mimetismo batesiano.

Tradicionalmente, tentava-se diferenciar as corais com base na disposição das cores. A coral-verdadeira costuma apresentar anéis ou manchas em tons de vermelho, amarelo, laranja e branco, alternados com faixas negras. Já muitas corais-falsas possuem colorações vermelha e preta, sem a presença marcante do amarelo. No entanto, essa distinção visual não é um critério seguro, pois há grande variação intraespecífica e regional, dificultando a identificação precisa a partir de características externas.

Adicionalmente, a coral-verdadeira apresenta cabeça oval recoberta por grandes escamas, olhos pequenos e pretos, corpo cilíndrico com escamas lisas e cauda curta e roliça. Apesar da diferenciação, é importante destacar que algumas corais-falsas também são peçonhentas e podem ser agressivas, embora seu veneno seja significativamente menos potente e não exija soroterapia. Ainda assim, qualquer tentativa de manipulação representa risco e não é recomendada sem o devido treinamento técnico”.

Segundo Saulo Gonçalves, existem estudos avançados sobre as corais falsas estarem se reproduzindo com as corais verdadeiras.