O saneamento básico é essencial para a saúde e o desenvolvimento de uma cidade, mas o uso incorreto das redes de esgoto tem causado sérios transtornos em Patos de Minas. De acordo com a Copasa, 90% dos extravasamentos registrados em 2025 foram provocados pelo mau uso do sistema — resultado direto de ligações irregulares, lixo descartado de forma errada e água da chuva direcionada para as redes coletoras.

Entre janeiro e setembro deste ano, foram 2.255 ocorrências de extravasamento e refluxo de esgoto no município. Dessas, 2.030 foram causadas por uso inadequado, o que representa a grande maioria das situações atendidas pela companhia. No ano passado, a Copasa realizou 3.392 manutenções nas redes coletoras da cidade.

O problema é agravado pela quantidade de lixo e entulho jogados nas tubulações. Todos os meses, mais de uma tonelada de resíduos sólidos é retirada da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Patos de Minas. Entre os materiais encontrados estão areia, plástico, pedaços de madeira e móveis, brinquedos, ferro, alumínio, animais mortos e até entulho de construção.

A ETE recebe o esgoto de 66 mil ligações, que percorrem 749 quilômetros de redes subterrâneas até chegar à unidade de tratamento. O descarte incorreto, segundo a Copasa, provoca um verdadeiro efeito dominó, gerando vazamentos nas ruas, refluxo de esgoto dentro das casas, rompimento das tubulações e até o transbordamento em córregos e rios, além do deslocamento das tampas dos PVs (poços de visita), o que oferece risco de acidentes.

O gerente de Tratamento de Esgoto Centro-Oeste, Renato Carvalho, fez um alerta sobre a importância da conscientização. “Uma pessoa que joga papel higiênico no vaso hoje, amanhã pode sofrer com o retorno do esgoto dentro de casa. E pior, pode causar refluxo na casa do vizinho, que faz o uso correto, se esta estiver em um nível mais baixo da rua”, explicou.

Já o gerente regional da Copasa, Saulo Bernardes, destacou que o trabalho da Companhia depende também da colaboração da população. “Realizamos manutenções preventivas e corretivas diariamente, mas a ajuda da comunidade é fundamental. Usar as redes corretamente evita transtornos para todos”, afirmou.

A Copasa reforça que água da chuva deve ser direcionada para as redes de drenagem pluvial — conhecidas como bueiros e bocas de lobo — e que o lixo deve ser colocado em lixeiras para o recolhimento pelo serviço municipal.