Terminou na noite desta quinta-feira (15) o julgamento do médico oftalmologista Daniel Tolentino, acusado de matar a jovem dentista Roberta Pacheco, no ano de 2019, quando os dois estavam em um hotel, próximo à Rodoviária de Patos de Minas. Após quase 12 horas de depoimentos de testemunhas e debates acalourados entre a defesa e o Ministério Público, os jurados entenderam que o médico era culpado e ele foi condenado a mais de 16 anos de reclusão. Como já estava preso, ele deve continuar detido no Presídio Sebastião Satiro.

O caso

A dentista Roberta Pacheco, na época com 22 anos, era namorada do médico Daniel Tolentino. Na madrugada do dia 05 de março de 2019, quando o casal passava a noite em um hotel nas imediações do Terminal Rodoviário, a jovem precisou ser socorrida após sofrer convulsões e parada cardiorrespiratória. Ela foi internada em coma e morreu 13 dias depois.

Titular da Delegacia de Homicídios na época, o delegado Érico Rodovalho, indiciou o médico por homicídio. Após ouvir diversas testemunhas, o delegado entendeu que o médico havia contribuído para a morte da jovem que sofreu uma overdose de droga com anabolizantes e acabou aspirando o próprio vômito, o que complicou seu estado de saúde, a levando a morte dias depois.

Roberta sofreu convulsões e chegou a ter parada cardiorrespiratória. De acordo com a ocorrência policial, o médico, Daniel Tolentino de Sousa, relatou que ela começou a se sentir mal durante o ato sexual e que, ao ver a situação, se desesperou e a arrastou pelo braço até o corredor do hotel, gritando por socorro. Ele também disse que começou as manobras para reanimá-la. O médico contou também que ela havia ingerido xeque-mate, uma mistura de vodca com chá mate, e negou ter medicado a namorada. Daniel Tolentino relatou aos policiais que havia colocado o celular em uma bolsa dela.

Conforme está na ocorrência policial, o porteiro do hotel disse que o médico havia se hospedado no hotel pela manhã e Roberta chegou pela noite na companhia dele, tranquilos sem aparência de terem bebido. Por volta das 2h00, ele saiu e foi até o carro buscar algo que não soube precisar. Por volta das 3h00, ouviu os pedidos de socorro, tendo subido ao apartamento para verificar o que havia acontecido.

Ainda conforme o registro policial, o porteiro também relatou que havia percebido que sobre a cama havia vários objetos usados em práticas sexuais, sendo que Roberta estava com um par de algemas em um dos braços na hora do socorro. A testemunha contou que não viu drogas, bebidas ou algum tipo de medicação no quarto. E os dois hóspedes haviam consumido apenas água mineral e refrigerantes do frigobar.

A Polícia Civil abriu um inquérito e o Delegado de Homicídios Érico Rodovalho apurou o caso. Foram feitos os exames toxicológicos e periciais no corpo da jovem. O corpo de Roberta apresentava hematomas que, conforme a família, podem ser de agressões provocadas pelo médico. O policial confirmou que houve realmente uma mensagem da dentista para uma amiga clamando para que a buscasse.

Daniel foi indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público pelo crime de homicídio qualificado por feminicídio, motivo fútil e torpe, além de tráfico de drogas e por estupro de vulnerável. No julgamento desta quinta-feira (15), os jurados decidiram que ele cometeu homicídio simples, estupro e tráfico de drogas e o juiz Dr. Bruno Henrique de Oliveira fixou a pena em 16 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, cujo regime de cumprimento inicial é o fechado.